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Como ser um mangaká?

 
Vamos responder a pergunta mais frequente, feita especialmente por quem desenha ou escreve: É possível para um brasileiro algum dia se tornar um mangaká?


Direto ao assunto: eu posso me tornar um mangaká no Japão? 
Pode, porque poder, todo mundo pode. Mas é um longo caminho. Pelo lado positivo (talvez único), é um mercado bastante aberto aos iniciantes, sempre em busca de novos talentos.
Os maiores lados negativos são: você precisa saber japonês e ser muito, muito talentoso e igualmente esforçado, para se destacar em meio as centenas de japoneses que todos os anos tentam se tornar mangakás profissionais (muitos já com uma bagagem de anos e anos produzindo fanzines).

E por onde eu posso começar?
Treinando muito! Seu roteiro, seu traço e seu conhecimento em japonês, pra começar. Então, você poderá concorrer a um dos tradicionais concursos para mangakás iniciantes, como o Shonen Jump. Ou conseguir um encontro com um editor para mostrar seu trabalho, o chamado motikomi.

Como que eu consigo e o que acontece em um motikomi?
Uma vez morando no Japão (ei, eu nunca disse que seria fácil!) você deve conseguir o contato de algum editor. Como encontrar novos talentos faz parte do trabalho deles, não é assim tão impossível quanto pode parecer.
Marque um horário pelo telefone e compareça pontualmente, respeitando o fato de ele ou ela ser uma pessoa ocupada. Leve sua história, seu melhor mangá, e não um portfólio ou roteiro. Ele vai querer conhecer toda a extensão do seu talento. Tenha cuidado com o material, mantendo limpo, sem dobras e bem cuidado, e sempre respeitando as dimensões do papel, pedidas por cada editora.
Seja gentil e ouça o que o editor vai lhe dizer. Não seja sensível demais com as críticas, e sim as utilize para evoluir. Absolutamente ninguém é contratado em seu primeiro encontro com um editor, porque ele vai querer ver sua persistência e velocidade para tentar novamente.

Que habilidades eles vão esperar de mim?
Fluência em japonês, antes de tudo. Um bom traço: não precisa ser perfeito, mas ainda que iniciante, deve demonstrar potencial para evoluir. Capacidade de contar uma história coesa, com começo, meio e fim. Obediência as regras das editoras. Organização e limpeza. Uma vida que, ainda que não seja regrada, seja ao menos livre de vícios como drogas e álcool.

Mas, espera. Quem é e o que faz exatamente um editor?
Um editor é, basicamente, alguém que entende de mangá (ou de literatura, ou de revistas..., existem editores de todos os tipos) o suficiente para tomar decisões sobre o assunto. E é o que ele faz, toma as decisões (ou aprova ou desaprova as do artista) que considera corretas para o rumo da história, seja na arte, seja no roteiro, seja na forma de lidar com os personagens. Em um relacionamento ideal de artista/editor, eles conversam até chegar em um acordo da melhor forma de se trabalhar certa história.

Às vezes essa relação não dá certo, né?
É. Alguns autores tem relacionamentos bastante conturbados com seus editores, especialmente os mais famosos. Os com menos reconhecimento acabam por baixar a cabeça, senão, não chegam muito longe.

A influência do editor tolhe a liberdade criativa e costuma ser ruim?
Não! O editor está ali para mostrar caminhos mais comercialmente viáveis, caminhos que o artista deve percorrer para alcançar mais facilmente seu público. Sabe quando uma obra ou um artista era melhor antes de conseguir fama? Talvez seja porque o editor teve de afrouxar as regras quando a fama deu liberdade ao artista, mas o artista não soube muito bem o que fazer com essa liberdade.
Claro que também pode ser ao contrário: um artista pode fazer o que quiser com uma série menor; em uma série de sucesso, talvez ele tenha de dar mais destaque a esse personagem, não possa matar aquele, tenha que ficar inventando arcos para esticar a história..., é uma via de mão dupla.

Eu tenho essa história sobre ninjas que moram numa vila, usam roupas coloridas e...
Não! Nem tente. Originalidade é fundamental para um iniciante; se eles quisessem uma cópia barata de algo que já existe para publicar e vender com facilidade, saberiam onde procurar.

Dá pra ganhar dinheiro como mangaká?
Dá. Mas custa muito, muito, muito trabalho duro. E não significa que mesmo alguém de muito sucesso sempre fique muito rico.

Um iniciante trabalha muito, mas quem tem sucesso não, certo?
Errado. Ser um mangaká é praticamente  um trabalho em tempo integral. Além do trabalho em si, há a eterna busca por aprimoramento, porque um mangaká estagnado não consegue continuar tendo atenção sobre seus trabalhos.
Qualquer um que já tenha pensado na profissão deve ler muito sobre o assunto (e sobre qualquer coisa!) e prestar muita atenção nos free talks feitos por muitos autores nas páginas dos seus mangás. Observe a quantidade de narrativas de noites varadas trabalhando e até mesmo de desmaios por exaustão ou por não ter tido tempo de comer. É um trabalho muito difícil, você tem que estar preparado!

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